quinta-feira, 25 de outubro de 2007

As novas gerações do Beirú

A tradição histórica do bairro do Beirú / Tancredo Neves tem que ser aprendida desde muito cedo pelas crianças e adolescentes. Eles são orientados através da ONG: Unidos pelo Beirú fundada pela professora Norma Ribeiro e apoiada pela Associação Cultural e Comunitária Amigos de Fé (ACCAF). Além de ser uma forma de ocupar o tempo, elas aprendem sobre a história do GBEIRÚ, que, apesar de rica e importante na existência do bairro, é pouco conhecida pelos moradores desta geração. E que vai contar um pouco dessa história é o Sr. Antônio Lago Silva, 49 anos, morador do bairro há 40 anos e hoje atual presidente da Associação Cultural e Comunitária Amigos de Fé. “Quando cheguei aqui no bairro tudo era fazenda, se via uma casa ali, outra bem distante, eu pegava água de burro, não tinha energia elétrica, vixe saneamento básico isso naquela época era até palavrão. O GBeirú era escravo. Morou aqui no bairro no século XIX e brigou muito com os fazendeiros daqui pela liberdade de seus irmãos de cor. Era assim que todos se tratavam aqui como irmãos mesmo. Ele fundou um quilombo na fazenda onde morava, localizada hoje no condomínio Arvoredo. Lá era a antiga fazenda onde QBeirú era seismeiros, ou seja, ele cuidava da terra dos fazendeiros. “Mais devido suas lutas essas Terras foram doadas para a sua família”. A luta do Sr. Toinho como é conhecido pelos moradores do local é uma das mais antigas para que o nome do bairro que homenageava o líder negro que foi o fundador do mesmo, seja, resgatado. Hoje em dia existem cerca de 145 mil habitantes registrado pelo IBGE. E segundo índice do mesmo órgão de pesquisa cerca de 5% da população não vai à escola. “Nesses 40 anos que morro no bairro, tudo mudou de forma muito rápida, a população se espreme do jeito que dá e como cresce sem planejamento, daí fica difícil para reorganizar um bairro com um índice tão alto de pessoas mais não impossível”. Em grande parte, os chefes de família sustentam a casa com um salário mínimo R$380 (trezentos e oitenta reais), outros não conseguem emprego daí montam barracas nas feiras no Largo do Anjo Mal. (O largo tem esse nome em homenagem ao sobre nome de um antigo morador), ou revendem, em alguns casos, CD e DVD piratas, que é errado. Afirma Toinho. Ser um trabalhador autônomo nunca teve fins lucrativos significativos. E o projeto da Associação Cultural e Comunitária Amigos de Fé, que está localizada na Rua Washigton, Nº 13E – Final de Linha do Beirú / Tancredo Neves, tem como objetivo maior é ensinar para essa nova geração à importância de assumir sua identidade com embasamentos na história que aconteceu lá e que de certa forma deve estar presente em cada um de seus moradores. Além de aprender sobre resgate histórico, grande parte de crianças e jovens participam de oficinas de TV e dramaturgia, aulas de capoeiras, curso de corte costura, pintura, música, dança afro, artesanato, fanfarra, culinária, Karatê dentre outras, oferecidas por ONGS como Ceifar da Associação Cultural e Comunitária Amigos de Fé. Kelvin, de 10 anos, já acompanha a mãe Marleide Mattos há cerca de dois anos. A mãe participa dos ciclos de palestras e também do curso de corte e costura e o garoto faz aula de Karatê. O garoto diz que já entendeu tudo da importância do resgate histórico do lugar onde vivi que é o Beirú e que passou a gostar das reuniões que a história é contada de forma simples. “Tem dias que esqueço alguns detalhes, daí quando o moço dá exemplos do nosso dia-a-dia aí eu lembro na hora!” diz Kelvin sobre sua freqüência em que participa das palestras.Grande parte dos garotos e garotas que participam de oficinas desse projeto já tem uma perspectiva para uma profissão futura. Até porque só permanecem no projeto alunos com notas boas na escola. Eles agarram essa oportunidade com muito amor. Diz Toinho. Eles dizem que não querem seguir o caminho dos pais, então se dedicam cinco horas por dia durante a semana para aprender mais e mais. Os pais, por sua vez, se importam muito com o futuro dos filhos e vêem nessas ONGS a oportunidade de seus filhos terem uma identidade local e um caminho cheio de sucesso.